quinta-feira, 30 de maio de 2013

Houve fogo no paraíso


Ao longo do texto de hoje vou utilizar letras maiúsculas para ocultar nomes e áreas da Matemática.
Antes do nascimento das redes sociais... quando a internet ainda dava os primeiros passos depois do boom de meados dos anos 90...
"O professor X é um mero especialista na teoria Y" - Disse explicitamente uma vez, o professor Z numa aula de W.
"O professor X de A tinha inclusivamente teoremas conhecidos pelo nome dele" - Disse um aluno.
"Professor X? Nunca ouvi falar." - Respondeu o professor L.
Assisti a várias variantes deste tipo de atitudes durante toda a minha vida académica.
O "minimizar" os outros é algo ridículo, mas que se vê muito no meio académico. Se por vezes há alguma razão nos comentários, noutras há muita maldade ou muita ignorância.
No fundo, um problema de egos.
Outra atitude frequente era a de valorizar apenas a sua área e desvalorizar todas as outras.
Muitas vezes dava-me arrepios ver o ninho de cobras onde estava metido.

Bem, deste tipo de professores, alguns tratam os alunos da mesma forma: como burros ignorantes que nada sabem.
Nos meus (péssimos) tempos na fcul por exemplo cheguei a ter umas "peças" interessantes. Aquele que nunca vou esquecer foi um que sempre que eu punha uma dúvida me respondia "você deu isso na cadeira X".
Bem... falo da fcul porque supostamente quando fui aceite talharam o programa de acordo com os dados que lhes enviei.
Na prática, ninguém olhou para aquilo. Penso que precisavam de alunos e portanto aldrabaram os candidatos.
No meu caso em particular apresentaram-me vários programas que não tinham absolutamente nada a ver com o que me deram...
Portanto obviamente chegou a acontecer a tal "cadeira X"..ser uma cadeira que eu nunca tinha tido, ou em alguns casos que afinal na cadeira X nunca ninguém tinha tocado no tal assunto (vá-se lá saber se foi falta do professor de X ou apenas alguma ilusão ou mesmo má vontade do outro...)...
Mas tendo em conta que éramos tão poucos alunos, custava muito terem feito um trabalho melhor?
Ora, estavam-se nas tintas para os alunos.
Para ter respostas destas, ao fim de algum tempo simplesmente deixei de as colocar...passei a pesquisar em todos os meios que tinha disponíveis e a fazer perguntas a contactos meus que não recebiam dinheiro nenhum do que eu pagava para propinas....
É desmotivante ter um professor que invariavelmente goza connosco, em vez de ser um parceiro no progresso académico.
(O caso que me marcou mais ainda foi um em que a tal cadeira X não funcionava há mais de 5 anos naquela faculdade... e que hoje sei que a minha dúvida teria sido rapidamente tirada se o professor tivesse alguma decência visto que nem era uma cadeira difícil)
Alguns professores querem que os alunos não tenham vida e só se dediquem àquilo...
Bem, no meu caso eu "não tinha vida"... era mesmo só aquilo, a minha família e... a minha saúde.
(E estando a viver em Lisboa, os invariáveis problemas que ocorrem em quartos alugados com senhorios que só pensam no lucro ao final do mês.)
Não gosto de criar atritos com quem vai ter de me avaliar, e durante anos engoli muitos sapos até ao dia em que tive de dizer chega! A situação estava insuportável e já nem a minha saúde era compatível com estes stresses
Abandonei um sonho... não qualquer sonho... O sonho.
Não é algo que eu vá esquecer facilmente. Vou mantendo a mente ocupada... já perdi imenso tempo a pensar nisto. Acabou... está acabado.

O que me resta desse sonho são algumas horas por dia, em que com livros, papel e lápis passeio como um fantasma por mundos onde um dia caminhei de corpo e alma.
Quando publico coisas tiradas das minha memórias, é apenas na intenção de que possam vir a ser úteis a alguém. Quando dou detalhes sobre o quando e o como...bem... pelo menos eu gosto de contextos.

Portanto... regressar ao ensino superior?
"I hardly think I'll be back..."
O único e duradouro problema é: "E agora? O que é que sobra para mim?"

Sem comentários:

Este blog recusa-se a utilizar o Acordo Ortográfico de 1990