quinta-feira, 13 de junho de 2013

Um país irresponsável, um acordo dispensável e uma opinião muito pessoal


Como disse há dias, uma das poucas medidas tomadas por este governo em educação e com que concordo é com a revisão dos programas de Matemática do ensino básico.

Mas de resto, no que diz respeito a ensino básico e secundário...
De resto a história é outra.
O braço de ferro entre governo e sindicatos dos professores tem as vítimas habituais: os alunos.
É indecente. Com o futuro das pessoas não se brinca.
(E, na minha vida... já o fizeram muitas vezes acabando eu na ridícula situação em que estou, a dar explicações num sítio com muito poucos alunos...e a receber muito abaixo do salário mínimo,... motivação: procura-se)
As atitudes deste governo têm sido dignas de um governo de ditadura, e curiosamente, vejo muita gente a tomar posição contra os professores.

Eu acho indecente o que está a ser feito na educação, e ainda mais indecente ver quem, para não variar, não sabe o que diz, a se opor às opiniões de quem lida diariamente com os problemas que estas medidas trazem.
Na prática, o governo quer reduzir custos de qualquer forma para pagar aquilo que provavelmente é a dívida mais mal explicada da história da humanidade, onde certamente há muita corrupção (e até se sabe de muitos desvios), e muita pressão externa de um trio que inclui uma organização que vergonhosamente no ano passado foi galardoada com o prémio Nobel da Paz.

Portugal está prestes a explodir. A quantidade de revoltados aumenta diariamente.
A acusação de que "Portugal vive acima das suas possibilidades" não deve ser feita  aos portugueses mas sim a quem criou esta dívida como se não tivesse de a pagar.
Ninguém vai preso. Os responsáveis andam por aí impunes e vivem à grande e à francesa.
Desesperado por arranjar dinheiro, o governo toma medidas impensáveis e muitas vezes ridiculamente estúpidas, mas que demonstram o desespero que quem ou não sabe o que fazer...
Pessoalmente, eu acho melhor ser criada uma equipa que investigue para onde foi o dinheiro.. e que o vá lá buscar, ou as coisas mais cedo ou mais tarde vão ficar feias em Portugal.

Posso falar do Acordo ortográfico?

Além de tudo ainda oponho-me à imposição do Acordo Ortográfico em todos os países de expressão Portuguesa.
Mas acho que deve ser cada povo a tratar da sua casa, cada um sabe o que é bom para si.

Aliás... ás vezes pergunto-me:"Sendo por exemplo, Brasil tão grande, como é que a população consegue aceitar este acordo?"
Parece-me é que as pessoas confiam naqueles que os assinaram e nem pararam para olhar para ele...
Não quero interferir, quero compreender.
Por cá, primeiro olhámos para o acordo. As intenções eram boas, mas o acordo não cumpre os seus objectivos e cria mais problemas e diferenças entre os restantes países de expressão portuguesa e o Brasil. Parece-me um bom motivo para não confiar em quem prestou tão mau serviço á comunidade de língua portuguesa.
E mesmo se esquecermos as diferenças ortográficas entre os dois países que ficam mais acentuadas, há imensas outras coisas que não fazem sentido.
(por exemplo a queda do c de "facto" tornou-o em "fato" que em Portugal e penso que também nos PALOP designa bem... um traje, e o mais ridículo é que pessoas que sempre pronunciaram o c, deixaram de o pronunciar graças ao acordo... por cá a ortografia estupidamente começa a afectar a oralidade)
Eu vou continuar a falar apenas das diferenças entre Portugal e Brasil, mas não tenho nada contra os PALOP, Timor e Macau. Embora na teoria saiba o que se passa, prefiro que sejam essas regiões a falar das suas diferenças que não devem ser muito diferentes das que cito, mas devem incluir características próprias.
Não conheço suficientemente os PALOP nem Timor  para falar por eles.

No Brasil e em Portugal usam-se palavras diferentes para as mesmas coisas.
Nenhum Acordo Ortográfico resolve isso, (e este então... nem se fala).
Algum português pai passar a dizer "trem" em vez de "comboio" só por este Acordo Ortográfico?
É este acordo que vai fazer "usuário" passar a ser "utilizador"? "Arquivo" passar a ser "ficheiro"?
"Sistema Operacional" passar a ser "Sistema Operativo"'? "A integral de Riemann" passar a ser "O integral de Riemann"?
A resposta é clara: Não! Os brasileiros tomaram conta da wikipedia de lingua portuguesa e estão dessa forma a impor a sua forma de escrever e de certa forma até a sua cultura ao resto dos países de lingua portuguesa. Isto não é bom! Se todos fossemos brasileiros, tudo bem.. mas não somos! Seria bom criar-se uma Wikipedia em Português do Brasil (ou, porque não, brasileiro?)
Eles usam "Fórmula de Bhaskara" para a fórmula resolvente (das equações polinomiais de 2º grau") Seremos todos obrigados a usar uma designação que só eles usam? Sabem quantos matemáticos na história da humanidade, para alem desse senhor, antes e depois desse senhor,  trabalharam com equações do segundo grau? "Fórmula resolvente" parece-me mais adequado. Mas atenção: No Brasil têm todo o direito e legitimidade para usar a designação que bem lhes apetecer. Só que sendo a Wikipedia um local público este tipo de "imposição" fica mal...
Voltando ao AO, passa-se a mesma coisa, país nenhum tem moralidade de impor nada a nível de ortografia aos outros. O ideal seria um acordo entre todos os países que falam Português e que viesse a progressivamente reduzir uma degradação da língua, e "acordos" unilaterais por parte de um país ou outro que queira continuar a chamar Português à sua língua.

Embora estas razões possam ter estado na origem do AO90 este acordo não nos resolve problema nenhum! Este acordo não resolve diferenças nenhumas, nem mesmo a grafia fica unida.
"Confecção" que sempre foi "confecção" em ambos os países passa a ser "confeção" em Portugal e mantém-se "confecção" no Brasil.
Este acordo não tem algumas falhas, todo ele é falha de princípio ao fim.
Fico com a sensação de que feito e assinado por pessoas que procuram o prestígio a qualquer custo!
Querem um acordo, façam um melhor trabalho!
Citei apenas alguns exemplos mas diariamente vêm-se dezenas nos jornais, televisões e internet...

Mas, cada país sabe de si, e eu não tenho moral nem carisma para dizer seja lá o que for a países estrangeiros... apenas quero ser entendido se afinal de contas falamos todos a mesma língua...
Esta é somente a minha opinião de cidadão desempregado português que não vive às custas do estado...
Ou seja, estatisticamente falando,  não sou ninguém e a minha opinião de nada vale.

Portugal foi um país pessimamente gerido no pós 25 de Abril de 1974, tal como tem sido muitas vezes ao longo da história. Os erros do passado repetem-se e ninguém aprende com eles.
Tomam-se medidas mal pensadas e mal estudas por uma minoria que apenas pretende "se mostrar" e ter prestígio e não para para pensar seriamente no assunto ( e se o faz... é preferível demitir-se porque está a mostrar-se incapaz).

Lamento viver num país que tem sido governado por uma classe de irresponsáveis com uma miopia tão grande, e olhem que eu sou míope no sentido literal da palavra.

Até à próxima

PS: Em breve vou rever o texto para corrigir falhas gramaticais e ortográficas..

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