sábado, 9 de abril de 2016

E o cérebro? Não é para usar?

Com a entrada em vigor dos novos programas de Matemática A no ensino secundário, vários professores limitaram ou proibiram mesmo o uso de calculadoras, embora não seja isso o pretendido.

No entanto, isso trouxe algumas agradáveis surpresas...
Estes "novos" alunos têm capacidades que os anteriores não tinham.
A amostra de 10º ano que me chegou a explicações, deve ser a melhor dos últimos 20 anos!
São alunos que usam mais a cabeça do que a calculadora, mas não têm problemas em recorrer a ela como ferramenta de apoio à aprendizagem...
Circula por aí a filosofia "Se a tecnologia está disponível, porque não a usar?", a que tenho de contrapor com um:
"Se tens um cérebro porque vais desperdiçá-lo?"
Na verdade o uso moderado de tecnologias não é mau. Mas o excesso de tecnologia tem efeitos nefastos...
No caso da Matemática, se é verdade que a tecnologia pode ajudar a compreender melhor ideias e conceitos, a pergunta que se deve fazer é se é mesmo indispensável.
Antes de virem falar de bichos papões, é bom usar a cabeça....
Preferimos ter gerações de alunos com "bons alunos" a Matemática, mas que na verdade são pessoas dependentes de tecnologia, ou pessoas com conhecimentos e que mesmo sem tecnologia, conseguem resolver problemas?
Numa sociedade cada vez mais capitalista a tendência é apostar nas tecnologias...
Já disse várias vezes que considero reprovável haver screenshots de modelos específicos de calculadoras em livros escolares que têm de ser pagos pelos alunos ou pelos seus encarregados de educação.
É publicidade ... paga pelo consumidor!
Outra coisa que me incomoda são alguns formulários...
Alguma vez a memorização de fórmulas foi má para o cérebro?
Perdemos muita coisa nos últimos anos. Nem tudo o que se perdeu é indispensável, mas nem tudo o que se perdeu é mau.
É muito arrogante pensar que somos donos da razão e impor aquilo que achamos ser melhor para as gerações futuras, tornando-as dependentes de meios que na verdade são dispensáveis ou que em breve estarão "ultrapassados"...
Por outro lado, a Matemática é suposto ser uma disciplina com trabalho regular, quer se tenha ou não facilidade para ela!
As filosofias "não é preciso saber fórmulas, consultam-se formulários", ou "Não é preciso saber fazer deduções, isso é só para matemáticos", na verdade só servem para criar pessoas com alguns problemas de raciocínio lógico, e a quem se consegue enganar, por exemplo, em períodos eleitorais.

Portanto, a verdadeira pergunta que cada um deve fazer hoje em dia é:
"Se existe um cérebro dentro de cada cabeça, porque não utilizá-lo?".
A que junto: Quais devem ser os limites do uso da tecnologia na formação e educação de um ser humano do século XXI?

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