quarta-feira, 15 de março de 2017

Futuro sombrio


Há dias, como hoje, em que apanho o último autocarro da noite para ir para casa. Nesses dias vejo coisas que nunca pensei ver na Madeira. Sem-abrigos a dormir envoltos em cobertores na beira da estrada, embrulhados em cartão, em becos. Não me falem em associações.
Se funcionassem, estas pessoas não estariam ali.
As associações têm regras, e bem... convenhamos, se algumas pessoas preferem dormir nestas condições, é porque essas regras não são aceitáveis por toda a gente.
A Madeira vive do turismo. Graças a meia dúzia de aldrabões e a alguns idiotas de Lisboa que olham para o centro internacional de negócios da Madeira como um offshore, será sempre o turismo a principal fonte de rendimentos da Madeira. Este cenário de sem-abrigos não é amigo do turismo...
Não sei o que me reserva o futuro. A possibilidade de um dia eu acabar em sem-abrigo existe. Mas, com os meus problemas (crónicos) de saúde... provavelmente faleço nessa altura ou antes de chegar aos 60.
Nem será um mau dia. Será o dia em que deixarei de ter pessoas que não sabem nada sobre a minha vida a dar palpites sobre ela.
Se a habitação é um direito humano, os custos para uma habitação de qualidade deviam ser bem mais baixos... O fenómeno dos sem-abrigo não devia existir.

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