quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ossos do ofício (I)


Ser explicador está bem longe de alguma vez ter sido a minha profissão de sonho.
Na prática, por vezes acabo a ter de trabalhar com uma maioria de pessoas que detesta aquilo que eu adoro.
Nos mais novos faço o esforço de descobrir a razão desse "ódio"... e por vezes consigo invertê-lo. Segue-se o trabalho por gosto e os sucessos.
Há caso em que o problema é simplesmente preguiça. Alunos que sem essa preguiça nunca teriam procurado explicações.
(Há muita gente bem inteligente que fica com falta de bases por "preguiça", e depois... segue-se um inferno)

Nos mais velhos, é mais complicado. Depois de uma longa história de insucessos as pessoas desmoralizam e deixam de acreditar em si.
Eu, teimosamente, insisto com as pessoas para que trabalhem fora da explicação, ou, principalmente para os alunos que têm poucas explicações por semana, a explicação trará poucos resultados...
É natural que nos primeiros tempos hajam muitos erros, muitas falhas, pois errar faz parte do processo.

Dizer a uma pessoa que teve imensos insucessos que essa pessoa melhorará, parece gozar com ela.
Mas não é. A experiencia tem me mostrado exactamente isso.

É fundamental trabalhar.
Quem não quer trabalhar, não deve procurar explicações.
Agradeço haver pessoas a pagar... mas se não estiverem dispostas a trabalhar, por favor, fiquem com o dinheiro...

Os resultados não surgem de um dia para o outro... mas sem trabalho... não surgem nunca!
Por melhor que seja o professor ou o explicador... é preciso por mãos à obra!
Gostem ou não, precisam de passar a Matemática.
Da minha parte, preferia que ganhassem algum gosto por ela.

Qual é a culpa que a Matemática tem de haver factores humanos que fazem as pessoas desgostar?

Na verdade, nem é preciso haver um explicador para melhorarem os resultados, mas isso é outra história. Por exemplo, conheço pelo menos um caso de uma rapariga que melhorou imenso porque namorava um rapaz que percebia de Matemática e passou a gostar daquilo.
(Não, nem pensem no assunto! Nada de tentar engatar-me só para melhorarem a Matemática! Serve como piada, mas na realidade... desprezo certo tipo de oportunismo...)
Mas há uma lição a tirar deste exemplo. O namorado serviu de catalizador...
Não precisa ser um namorado/namorada. Basta alguém da confiança do aluno, que o oriente.
Em tempos de crise, nem todos podem pagar um explicador, mesmo que os preços sejam o mais baratos possível.
(Acreditem, eu sei... por vezes vejo pessoas a protestar de preços, sem ter noção que eu devo dar as explicações mais baratas da Madeira... e que no passado já dei explicações à borla, só que agora, com a minha situação sócio-económica isso é impensável, a menos que seja para alguém da família)

Portanto... para essas pessoas, procurem bem dentro da família quem poderá fazer o favor de vos orientar, e boa sorte...
Para os outros... eu posso tirar esporadicamente uma ou outra dúvida  à borla por aqui.
(esporadicamente significa: não abuse, ou vai para a minha lista negra)
Ou, se me apanharem durante a semana, na parte da tarde, em horário livre...

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