segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ingredientes da era pré-Internet



Nasci e cresci numa época pré-internet.
Mesmo o acesso a bibliotecas era algo limitado (Hoje estou muito grato ao serviço de bibliotecas itinerantes Callouste Gulbenkian). Isso fez-me desenvolver alguns hábitos que não me fizeram mal nenhum, como por exemplo o hábito de pegar num lápis e papel e tentar obter soluções para os meus problemas, mesmo que isso signifique "reinventar a roda".
Por vezes recebo emails de pessoas curiosas sobre assuntos que abordei num dos meus blogs.
Por exemplo, vários dos que recebi sobre a fórmula resolvente do 3o grau fazem-me pensar que pode ser boa ideia escrever um script que resolva essas equações, passo por passo (!), utilizando a fórmula de Tartaglia e apresente os passos em termos humanamente perceptíveis, e deixá-lo instalado aqui no blog...
Na verdade... no princípio do milénio já o fiz, mas para uma calculadora CASIO fx-6300G, alguns anos depois de ter pensado nas equações da forma que as apresentei aqui.
Portanto, agora que estou mais desocupado (já só tenho explicandos de Matemática A 12º) devo por mãos à obra, junto com outros projectos que já tenho em mãos. Penso que ainda tenho o caderninho de programas que escrevi na altura... Depois de ver o que fiz na altura decido se sigo os mesmos passos ou penso noutra forma de o fazer.
Mas não é a única coisa que tenho em mãos. Existem várias coisas por fazer/acabar nos meus blogs, nas minhas calculadoras, e por mais incrível que pareça, em vez de andar a pesquisar online, prefiro sentar-me frente ao papel e refazer o trabalho intelectual que está por detrás de tudo isso. Primeiro, pela satisfação de o fazer, segundo, para tentar manter as minhas capacidades, terceiro, porque confio mais nas minhas capacidades dedutivas do que em algumas que encontro online.

Tenho acesso à maior biblioteca que alguma vez existiu, a Internet. O grande problema de ter uma biblioteca desta dimensão é que contém "poluição", "conhecimentos errados", propaganda e spam/lixo.
A propagação de ideias, mesmo que erradas, é algo que faz parte de um mundo supostamente livre.
O tempo que se perde (e se for só tempo até nem é mau) com conhecimento errado justifica a criação de filtros "anti-democráticos" que me dêm acesso apenas a informação considerada fidedigna...

Bem, o problema está a alastrar-se para além dos limites da internet. Começamos a ver cursos universitários em áreas pseudo-científicas!!! Precisamos urgentemente de dar às pessoas a capacidade de pensamento crítico, e não me venham com tretas, demonstrações (pelo menos as mais acessíveis) em disciplinas como a Matemática!
As pessoas precisam de compreender e interiorizar que o conhecimento não "cai do céu", que exigiu trabalho e raciocínio.
Em Matemática até é simples refazer esses raciocínios. Não é necessário um laboratório com material específico. Nem sequer calculadoras ou computadores. Basta papel, lápis, raciocínio lógico e imaginação.
Ok, o ingrediente "imaginação" perde-se no mundo de hoje, se as pessoas só sabem consultar livros e a internet...
Assim, não será nada mau recuperar alguns ingredientes da época pré-internet, e começar a ter filtros para o excesso de banha de cobra que por aqui anda...

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